Itaqui foi tema da coluna do jornalista Juremir Machado da Silva na edição da quarta-feira, 27 de abril, no jornal Correio do Povo.

O jornalista, após leitura de um exemplar do livro 'Nuvens de Chumbo sobre o Cambaí', de autoria de Iberê Athaide Teixeira, discorre em sua coluna sobre os fatos verídicos descritos pelo autor que remetem o leitor ao ano de 1964, quando foram feitos prisioneiros cerca de 40 lideranças locais, entre 31 de março e 6 de agosto, totalizando 111 dias de cativeiro, em uma espécie de campo de concentração instalado no hangar do aeroclube de Itaqui, cercado por arame-farpado eletrificado e sob a mira de fuzis.

– É uma história incrível e documentada com papéis do inquérito policial militar e do processo – comenta Juremir em sua coluna.

Era época da ditadura e, como relata o jornalista, “o tenente-coronel Caetano Pinto Rocha, comandante da Guarniação do 1º Regimento de Cavalaria, mandou prender todo mundo sob acusação de 'crimes contra o Estado e seu patrimônio, à ordem política e social, bem como atos de guerra revolucionária'. Entre os prisioneiros estavam o então prefeito da cidade, Gil Cunegatto Marques, que tomara posse três meses antes, seu vice, Otoni Monteiro Píffero, vereadores e outros terríveis 'subversivos'. Os sargentos Pacífico Berne e Catelan foram encarregados da vigilância do campo eletrificado”.

– Uma novela surrealista – escreve Juremir, que finaliza: “Que 'crime' haviam cometido? Terem apoiado um plano de reforma agrária envolvendo uma grande fazenda chamada de Mata-Fome. Pertencerem ao PTB de Leonel Brizola. Terem lançado um manifesto 'ao povo itaquiense' propondo uma 'frente de mobilização popular' em apoio às 'reformas de base' do presidente João Goulart”.

Para quem não sabe, Gil Cunegatto Marques é pai do prefeito Gil Marques Filho.

Fonte/Foto: Ascom PMI